NA RUA - Ensaio intervenção 3

CADA PORTA EM SEU LUGAR - OLD GORICA FACTORY

A velha fábrica foi cobiçada durante anos pelos artistas da cidade que viam nela a possibilidade de um novo centro cultural. Anos abandonada, depois dos primeiros ateliês e festivais independentes, a prefeitura tomou e alugou o local.
Parte virou um pub caído, outra parte é academia de box.
Mas a maior parte da velha fábrica continua abandonada, trancada.
Sem uso, madeira apodrecendo pra virar local de alguma futura especulação.




Como dá pra ver, uma intervenção na intervenção!
Foi um custo convencer este policial de que tínhamos as autorizações!!!
E tudo era uma questão de vírgulas e artigos na papelada!
Pra bom entendedor de croata, uma palavra basta!

OUTROS ARTISTAS: MARTIN KRENN

A obra se chama Monument for a Just City.

CADA PORTA EM SEU LUGAR - RIO SAWA

O Rio Sawa divide a antiga Zagreb da Novi Zagreb, criada durante o regime comunista.
Como a cidade nasceu nas duas montanhas que hoje formam a parte central da cidade, o rio sempre foi periférico, pouco usado.
As pessoas daqui reclamam muito dessa sub-utilização. Antes de visitá-lo, imaginei que seria um local horroroso. Minha supresa foi ver o pôr-do-sol mais bonito de Zagreb, um rio limpo, com muito verde e, sim, gente correndo e andando.
Eu só conseguia pensar na Marginal Pinheiros e em como eu daria tudo para ter um rio como o Sawa perto de casa.

NA RUA - Ensaio Intervenção 2

Manual das pequenas intervenções involuntárias 2

PELA FECHADURA - Fim de Festa

O Mocvara é o único clube alternativo de Zagreb. Ou melhor, era.
No domingo, com uma lua estranha na beira do Rio Sawa, o Mocvara fechou suas portas. Uma regulamentação da prefeitura impede que se venda bebida alcóolica depois da meia-noite. O que torna o clube inviável economicamente.
Mas não rolou choro nem vela.
E sim um show enlouquecido, como nas cenas mais divertidas de um filme de Kusturica: o dos falsos bigodudos balcânicos do LET 3.
O LET 3 é amado adorado. Dez anos atrás em um show em Split na costa da Croácia,os roqueiros-punk-ciganos(se isso ê possîvel) jogaram mais de 900 quilos de peixe no público, que pelo visto jogou nos ídolos de volta. Dizem que até os bondes de Zagreb cheiraram a peixe durante semanas.
Neste show,os fãs sabiam toda as letras que eu não ousaria repetir aqui, pois sei que minha mãe de vez em quando lê este blog.
Imensos falos soltando pombas, números de ilusionismo, bumbuns discretamente ao vento, finalizando com macacões pinks da era disco. Escracho macho de bigode com um bom humor incrivelmente leve para todos os lados.

CADA PORTA EM SEU LUGAR - BUNKER

Mais de 90 bunkers abandonados em Novi Zagreb. Por lei, não podem ser destruídos. Ficam trancados no meio de jardins de infância. Há uma grande discussão sobre o que se fazer com eles. Artistas e associações batalham projetos, mas as autoridades são lentas. E as portas continuam trancadas enquanto as crianças brincam de gangorra no recreio.
Espaço sem uso.
Á noite, segundo a lenda, bandas de rock invadem os bunkers e ensaiam lá dentro. Clandestinas.


A porta ao lado do bunker. Auspiciando uma festa que um dia virá.

NA RUA - primeira intervenção

As intervenções seguirão um a linha do tempo reversa no espaço da cidade. Esclarecendo: faremos uma linha direta da parte mais recente da cidade atê o local onde foi fundada. Uma maneira de "olhar para trâs", reflexos/regrets.
O primeiro local de ação fica em Novi Zagreb, parte da cidade fundada durante o regime comunista, ao sul do Rio Sawa. Aqui se materializou em arquitetura o sonho comunista da antiga Yoguslavia. Muita moradia, escolas, lazer. Espaços onde a vida comunitâria é a prioridade. Talvez por isso indiferenciados.
Mas pra nós, brasileiros, o que causa certa inveja e estranheza é a imensa quantidade de escolas.
Escolhemos para atuar uma encruzilhada:
de um lado SOPOT, bairro ícone do modelo comunista;
do outro Avenue Mall, o maior shopping center de Zagreb;
em outra esquina, a sede da maior empresa de petroleo da Croâcia;
na outra esquina, o novo Museu de Arte Moderna, ainda em construção.


Olhando através dos olhos-mágicos de nossas portas-portáteis, oferecemos as frases "Olhe" e "O que é isto que nos separa?".
O que separa Avenue Mall do Sopot comunista? A Cia de Petroleo do Museu de Arte Moderna? Nôs e os croatas?

PELA FECHADURA - ZGRAF

Apesar das reclamações croatas de um certo marasmo, muita coisa legal acontece por aqui. Entre elas, uma bienal internacional de design gráfico. Muitos trabalhos inspiradores na ZGRAF (além de festa bacana!).

CADA PORTA EM SEU LUGAR -Tresnjevka

O projeto inicial era instalar 5 portas fixas em áreas que revelassem o momento de transição pelo qual a cidade passa, passou e passarà. Possibilidades, memórias, modelos que se deseja ou que se quer evitar.
Com a pesquisa feita em caminhadas guiadas pelo pessoal do festival em Dezembro -debaixo de muita neve - veio a vontade de trabalhar com mais locais.
Hoje estão instaladas 7 portas em Zagreb.
A primeira delas foi instlada no mercado de Tresnjevka.




Em Tresnjevka, vende-se de tudo. Muita coisa produzida localmente. Entre eles, o tradicional Sir, em croata "queijo", feito artesanalmente pelas senhorinhas há mais de 500 anos e vendido nos mercados e de porta em porta pelas próprias. Caso a Croácia entre na União Européia, este modo de produção terá que acabar e adeus queijinho fresco vendido pela vizinha: não se encaixa nos padrôes exigidos pela UEE.
E então, será a vez dos camemberts franceses, dos goudas holandeses, dos fetahs gregos. Será que as senhorinhas terão que levantar as barraquinhas e sair correndo do rapa europeu? Será, no mínimo, uma triste cena.

OUTROS ARTISTAS: VERED DROR

Vered é de Tel Aviv. Seu projeto é criar Grafite em Braille pela cidade de Zagreb. Em breve, entrevista com ela.